por Vitor Oshiro
Rogério ficou sem entender nada. Subitamente, o ar hospitaleiro daquele casal havia ido embora. Começava a desconfiar do encontro na estrada. Nada parecia mais ser coincidência. O professor cobrava explicações que não vinham. Olhou a porta e pensou que seria uma ótima solução. Porém, não conseguiu chegar até a saída. Tudo escureceu rapidamente e Rogério foi de encontro ao chão.
Após algum tempo que, para Rogério, poderiam ser horas ou minutos, o professor acordou amarrado em uma cadeira. O casal parecia esperar que recobrasse a consciência com ansiedade. Ao abrir os olhos, logo, Rogério viu o amuleto que estava correndo no pescoço do fazendeiro.
– Já estava na hora de você acordar.
– O que vocês querem comigo?
– Nada, simplesmente queremos fazer uma troca.
– Troca, mas, com quem?
– Com a coisa.
– Daremos sua vida a ela e, em troca, ela nos deixará vivos. Você realmente não consegue nos reconhecer.
Rogério fazia força, mas, apesar dos rostos familiares daquele casal, sua mente estava toda bagunçada. Logo, o senhor elucidou a mente do professor.
– Eu sou você, meu rapaz. E esta do meu lado é a sua, ou melhor, nossa amada Belle.
– O senhor está louco?
– As viagens no tempo que fizemos alteraram toda a realidade. Criamos realidades paralelas para os envolvidos. Se você quebrar um simples galho no futuro, pode criar dez realidades diferentes. Nós somos apenas uma delas que foi deslocada para este seu presente.
– Mas, vocês falaram que vão me trocar. Trocar pelo que?
– É até uma ironia, pois, fomos nós que o salvamos da coisa e agora iremos te devolver a ela. Nós colocamos este amuleto no celeiro para te proteger.
– Mas, este amuleto era de vocês? O que é isso afinal?
Mostrando a inteligência já conhecida de Belle, a senhora respondeu olhando para o pequeno amuleto que era formado por uma corrente de couro e um pingente de cristal em forma de vela com várias marcas de queimadura.
– Segundo a tradição da bruxaria galesa, este amuleto é a única coisa que poderá nos proteger daquele mal. Salvamos sua vida naquele, rapaz.
– Mas, por que não me trouxeram direto para sua casa?
– Precisávamos ter certeza que você era a chave de toda esta bagunça. Não será nenhuma surpresa se encontrarmos outros Rogérios mais velhos ou mais novos vagando por esta realidade. Precisávamos parecer amigáveis e que você não suspeitasse de nada. Quando vimos sua cara com a notícia, tivemos a certeza que você é a chave para barganharmos com a coisa.
– Mas, e esta coisa. O que é isso?
– A coisa não é algo maligno – Disparou Belle – Pelo contrário, é algo divino. Ela está aqui para limpar a bagunça que você criou. É uma divindade que vem para consertar as alterações. Há tempos ela está rondando nossa fazenda para nos eliminar. Somente pode haver um Rogério e uma Belle. É por isso que minha versão mais nova acabou de ser assassinada. É triste, meu amado Rogério, mas, precisamos te oferecer a ela, como modo de nos deixar em paz.
Antes de terminarem as explicações, a porta foi arrancada. O casal se amontoou sobre Rogério e empunhou o amuleto. Todos esperavam a aparição da coisa. A forma seria horrenda? Seria um monstro com presas enormes? Uma enorme luz cegava a todos. Quando a luminosidade foi cedendo, o que viram foi muito mais assustador do que eles imaginavam.
Este episódio foi escrito por Vitor Oshiro e é o oitavo de uma série que será publicada toda segunda-feira.
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Lindo!
A Belle está “viva”!!!
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