Há muito tempo quero recomendar o blog de um amigo meu que faz jornalismo em Brasília e agora achei a ocasião perfeita. O blog não é feito só pelo meu amigo, Edemilson – ou Paraná, como foi apelidado na capital – outras pessoas contribuem para o crescimento intelectual e democrático do blog Brasil e Desenvolvimento. Discutindo sempre sobre política os estudantes João Telésforo, Gustavo Capela, Laila Galvão, Raul Pietricovsky, Mayra Cotta, Danniel Gobbi, Rodrigo Santaella, Gabriel Elias, Saionara Reis e Ana Rodrigues colocam suas visões sobre os acontecimentos da capital e do país.
Coloco aqui o post do dia 3 de novembro: Vote. Porque.
Votar.
O voto e a disputa eleitoral são, sem sombra de dúvidas, momentos de extrema importância para o combate social de ideologias. Assim, é importante lembrar o que elas significam, quem elas representam e que sociedade elas buscam atingir com seus discursos e práticas.
A esfera política brasileira, sabemos, tem o costume de não enfrentar diversos problemas sociais que dificultam o acesso amplo e irrestrito à atuação e efetivação dos ideais democráticos. O não enfrentamento, o medo de atacar questões centrais à pluralização do espaço público, está diretamente vinculado ao senso comum construído por uma ideologia dominante que abomina o confronto e a crítica aos interesses da elite econômica e política do pais. Somos o país dos falsos-consensos, da naturalização das desigualdades sociais.
Os vídeos da campanha escancaram o preconceito sistemático que negros, homossexuais, mulheres, índios, pessoas de baixa renda e nordestinos sofrem e que impedem a criação de um ambiente efetivamente democrático, efetivamente aberto e efetivamente inclusivo. Conservar o status quo é, necessariamente, conservar essa perspectiva. É conservar os mecanismos que rebaixam, diminuem e excluem com frequência a diversidade na decisão coletiva.
Para mudarmos esse cenário, precisamos, então, refundar o senso comum, entendendo sua vocação emancipatória para sempre apontar novas perspectivas e novas experiências democráticas. Combater o senso comum é combater discursos que impedem a abertura de espaços como o da família, do mercado, do acesso à moradia, à educação, à comunicação, ao transporte e todos os outros aspectos da vida individual e coletiva que aumentam a participação política.
A campanha #votoserrapq atacou de forma irônica os discursos conservadores que integram o senso comum pouco enfrentado para que não esqueçamos de nossa missão, como sociedade, de enfrentar problemas que são centrais para a pluralização constante.
Para tanto, torna-se indispensável ressignificar o sentido da palavra “votar”. Votar não é, nem pode ser, somente clicar botões em uma urna eletrônica. Tampouco pode ser a participação em processos eleitorais de quatro em quatro anos. “Votar” é escolher. É escolher projetos, é escolher formas de atuação, é escolher disputas. É, acima de tudo, escolher lados, escolher, diariamente, um projeto coletivo.
Assim, agradecemos, encarecidamente, todos que se incluíram no #votoserrapq, seja enviando sugestões, seja fazendo seus próprios vídeos. É o aspecto coletivo de qualquer atividade que a engrandece e, nesse caso, não é diferente. Sem a adesão maciça, o apoio incontestável, e as críticas construtivas, a campanha não seria a mesma.
Portanto, apesar de as urnas terem fechado, os votos terem sido contabilizados, nosso trabalho apenas começou.
Cabe a nós, agora, a luta. Cabe a nós, a inquietação. Cabe a nós exigir, através de disputas permanentes e persistentes, que nossos ideais se tornem realidade.
Abaixo o último vídeo de nossa campanha, agora intitulada “Voto.Porque.”
#votopq